Outra Flor (Trecho I)

"...De vagarim vou vortando pra lá,
num parece nada mudado
desde a úrtima vez que avistei.
Tudo calado, nenhuma alma na rua
sem os sapinho nu mato,
tão calado que até me arrimo,
dois passô que é pra
não levar susto.
Coraçãozinho bate apertado nessa vorta...
vi ali pertinho a esquina onde beijei
pela úrtima vez mocinho bonito.
Era prometido meu!
Por ali o deixei, pra tentar
fugir cum o circo...
Já faz uns seis mês desde a
úrtima vez.
O circo deixei, mas tô vortando,
que é pra vê se do
mocinho consigo ser merecida.
Na esquina num encontrei,
no laguinho num avistei,
nem nas ruas em que andei,
pechei os zoim do meu amor.
Quando fugi, muita saudade senti...
Mais cá de que encontrei lá no circo
homem dos bigode pustiço,
me prometeu trabaio oferecer.
Foram seis mês de desgraça limpando
lona na praça,
pra nem cor do dinheiro ver!
Deixei de lado o circo
e por isso que hoje
suplico pra que
Meu paizinho do Céu
tenha pena deu,
e faça com que amor meu, aceite os perdão,
quando nois se encontra.
Cá de que vou sofrer,
se os zoim de amor não vê...
...Mais oiê lá,
aquele mocinho bonito que
acabei de avistar.
Me parece familiar ser...
Tá me oaindo também!
Num sei que tá acontecendo,
minhas mão tão tremendo acho
que um troço eu vou ter.
Ele tá vindo correndo na mesma
linha deu...
- Rosa! Senti teu cheiro hoje,
na primeira ventada que deu de manhã...
- Foi um aviso, Joca!
Vortei e vou fica pra sempre...
- Te esperei todo esse tempo Rosa.
Pai do céu sabe o quanto pedi pra
que cê vortasse pros braço meu.
Mas agora já é tarde, espero que
do passado cê guarde lembrança do que nóis viveu.
Hoje eu tenho outra flor, Rosa...
Sem espinho e mais formosa,
Margarida tem de sobra
o que cê não soube me dar.
Adeus Rosa, vou me indo, porque o noivo
no casório não pode faltar...!"


C.C